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O Marrocos se firma como um dos destinos internacionais mais desejados entre os brasileiros. Dados do Ministério do Turismo do país apontam que o número de turistas do Brasil em solo marroquino cresceu 41% só em abril de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Parte desse movimento se deve à reativação da rota entre Casablanca e São Paulo pela Royal Air Maroc, que retomou os voos diretos cinco vezes na semana. A novidade facilitou, e muito, a viagem para quem sonha em explorar o norte da África.
Mas a facilidade de acesso é apenas parte do apelo. O que realmente tem encantado os viajantes é o conjunto único de experiências que o país oferece: cultura milenar, paisagens que vão do deserto às montanhas, cidades cheias de cor e história, além de uma gastronomia rica e cheia de personalidade. Neste texto, reunimos o que há de mais marcante para fazer no Marrocos e por que o destino deve entrar no seu radar de próximas viagens.
É impossível falar de Marrocos sem começar por Marraquexe. Fundada no século XI, a cidade vibra em todas as direções. A cidade murada é um mundo à parte: sons, cheiros e texturas se misturam em um cotidiano pulsante. Andar pelas ruelas estreitas garante uma nova descoberta a cada esquina. Os souks, mercados tradicionais, oferecem de tudo: especiarias, cerâmicas, roupas, luminárias, objetos em cobre, tapeçarias e perfumes feitos à mão.
A praça Jemaa el-Fna, que faz a conexão com o restante da cidade, é mais do que um ponto turístico. É um teatro a céu aberto onde a cultura marroquina se manifesta de forma espontânea. Durante o dia, vendedores ambulantes dividem espaço com domadores de macacos e barracas de suco de laranja fresco. À noite, o cenário se transforma: surgem tendas de comida com pratos típicos como cabeça de carneiro, sopas apimentadas e doces à base de mel e amêndoas. A trilha sonora fica por conta dos músicos e contadores de histórias, que preservam tradições orais centenárias.
A poucos minutos dali está o Jardin Majorelle, idealizado por Jacques Majorelle e resgatado por Yves Saint Laurent. O jardim botânico é conhecido por seu azul-cobalto vibrante, que contrasta com palmeiras, bambus e lagos ornamentais. Uma visita ao local é um contraponto de serenidade em meio à intensidade da cidade.
Marraquexe também é excelente base para quem deseja conhecer o Alto Atlas, a cordilheira que corta o país. Em passeios de bate-volta, é possível visitar vilarejos berberes, fazer trilhas por vales verdes e descobrir cachoeiras escondidas entre as montanhas.
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Fez é considerada o centro espiritual e intelectual do Marrocos. Fundada no século VIII, a cidade preserva com rigor sua identidade. Sua cidade, Fez el-Bali, é a maior área urbana sem tráfego de carros do mundo e abriga cerca de 9 mil vielas, muitas tão estreitas que só se passa a pé ou com mulas de carga.
Dentro desse emaranhado de ruas, encontram-se algumas das mais antigas instituições de ensino islâmico, como a Universidade de Al Quaraouiyine, em funcionamento desde o século IX. As madrassas (escolas corânicas) encantam pelo trabalho em azulejos, madeira entalhada e caligrafia árabe esculpida nas paredes. A arquitetura é um testemunho da era de ouro da civilização islâmica.
Um dos lugares mais fascinantes de Fez é o curtume Chouara, onde o couro é tingido com métodos artesanais que praticamente não mudaram desde a Idade Média. O aroma é forte, mas a vista do terraço, com dezenas de tanques circulares cheios de pigmentos naturais, é inesquecível.
Ao norte do país, no sopé das Montanhas Rif, está Chefchaouen, uma das cidades mais fotogênicas do mundo. Praticamente todas as fachadas, escadarias, portas e janelas são pintadas em tons de azul, criando um efeito visual hipnótico. A razão por trás dessa escolha varia conforme a versão: pode ser religiosa (o azul remeteria ao céu e à espiritualidade), prática (o tom ajudaria a afastar insetos) ou simplesmente estética.
Independentemente do motivo, o resultado é encantador. A cidade é pequena, ideal para ser explorada a pé, sem pressa. Lojas de cerâmica, ateliês de pintura, cafés simples com vista para as montanhas…tudo convida ao ritmo desacelerado. Vale subir até a mesquita espanhola, localizada em uma colina próxima, para observar o pôr do sol tingindo de dourado os muros azulados da cidade.
Chefchaouen também é uma ótima base para explorar trilhas ecológicas e reservas naturais na região, como o Parque Nacional Talassemtane, com paisagens rochosas, bosques de cedro e vilas isoladas.
Uma das experiências mais simbólicas no Marrocos é cruzar o Saara. A travessia até as dunas de Erg Chebbi, próximas a Merzouga, ou até o deserto de Zagora, costuma ser feita em 4×4 ou em caravanas de camelos. Ao chegar, o cenário parece de outro planeta: areias que se movem com o vento, colinas douradas até onde os olhos alcançam, e o céu mais estrelado que se pode imaginar.
Muitas hospedagens oferecem experiências completas no deserto, com acampamentos confortáveis em tendas de luxo (as chamadas “desert camps”), jantares ao ar livre, apresentações musicais e café da manhã ao nascer do sol. A imersão é profunda: sem sinal de celular ou interferência urbana, o tempo parece suspenso.
Além da experiência emocional, o deserto permite conhecer as culturas nômades, sobretudo a dos berberes. Muitos guias e anfitriões são descendentes de famílias que viveram por gerações nas regiões mais áridas do país e compartilham histórias, costumes e saberes que vão além do roteiro turístico.
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Casablanca, ainda que muitas vezes seja apenas uma cidade de passagem, merece atenção. Moderna, com largas avenidas e arquitetura art déco, abriga a impressionante Mesquita Hassan II, uma das maiores do mundo, construída à beira-mar. Com um minarete de 210 metros e uma sala de orações que acomoda mais de 20 mil pessoas, é um marco da engenharia moderna marroquina e uma das poucas mesquitas que permite a entrada de não-muçulmanos.
Rabat, a capital política, é organizada, arborizada e serena. O Kasbah des Oudaias, bairro antigo da cidade, combina muralhas centenárias, casas azuis e brancas, jardins andaluzes e vista para o Oceano Atlântico. Também abriga o mausoléu de Mohammed V, de onde é possível conhecer parte da história recente do país.
Já Essaouira, na costa atlântica, é o destino ideal para quem busca uma atmosfera boêmia. Conhecida por sua fortaleza litorânea e pelas praias frequentadas por surfistas e kitesurfistas, a cidade tem uma relação forte com a música — foi lar do festival Gnawa World Music, que celebra ritmos africanos tradicionais. As ruas de Essaouira exalam arte, com muitas galerias e feiras de artesanato. A culinária à base de frutos do mar também é um atrativo à parte.
Embora seja possível visitar o Marrocos durante o ano todo, a primavera (março a maio) e o outono (setembro a novembro) são as épocas mais recomendadas, pois oferecem climas mais amenos, tanto nas cidades quanto nas áreas montanhosas.
O país é majoritariamente muçulmano, e embora seja bastante receptivo ao turismo, é importante respeitar os costumes locais, sobretudo em cidades mais tradicionais. Isso inclui, principalmente, vestir-se com discrição, especialmente ao visitar mesquitas ou áreas religiosas e evitar demonstrações públicas de afeto.
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