Turismo Sombrio: viajantes buscam destinos sinistros e fascinantes

Nos últimos anos, um estilo de viagem cada vez mais peculiar tem atraído a atenção de turistas ao redor do mundo: o turismo sombrio. Embora esse tipo de viagem não seja novidade, ele tem ganhado destaque e se consolidado como uma tendência crescente. O que antes era visto como algo excêntrico, hoje se tornou uma verdadeira experiência para aqueles que buscam explorar locais históricos marcados por tragédias, desastres e mistérios.

Contexto histórico

O apetite humano por lugares associados a eventos trágicos tem raízes profundas na história. Já no Império Romano, por exemplo, milhares de pessoas viajavam para assistir aos sangrentos combates de gladiadores no Coliseu. No século I d.C., Pompéia se tornou um destino de visitação após a erupção do vulcão Vesúvio, que devastou a cidade e preservou seus habitantes em uma cena dramática e congelada no tempo. Séculos depois, em Londres, as execuções públicas atraíam multidões. E em Paris, o necrotério La Morgue tornou-se uma das atrações mais curiosas do século XIX, reunindo turistas interessados em observar corpos em exibição.

Esses exemplos mostram que, o fascínio por lugares associados à grandes momentos históricos, é tão antigo quanto a própria história humana. No entanto, com o avanço da tecnologia e da comunicação, o turismo sombrio se popularizou de maneira acelerada, atraindo visitantes de todas as partes do mundo em busca de uma conexão com o passado sombrio dos locais visitados.

Turismo sombrio atualmente

Hoje, diversos destinos ao redor do mundo atraem turistas que buscam explorar essa vertente. A Zona de Chernobyl, na Ucrânia, é um dos mais icônicos, onde a tragédia nuclear de 1986 ainda marca a paisagem desolada. Outros locais como o Campo de Concentração de Auschwitz, na Polônia, o Museu do Terror Vermelho, na Etiópia, e os Killing Fields no Camboja, são visitados por aqueles que buscam entender o impacto devastador de eventos históricos e homenagear as vítimas.

Além disso, fenômenos naturais que causaram tragédias, como o Vulcão Monte Vesúvio, na Itália, e os Shanghai Tunnels, nos Estados Unidos, também atraem turistas. Mas, além desses locais conhecidos, há ainda destinos menos explorados, como a Comuna 13, em Medellín, na Colômbia, que ganhou notoriedade após o sucesso da série Narcos.

Esses lugares, longe de serem apenas pontos turísticos, têm grande valor educativo, com muitos visitantes buscando aprender mais sobre as histórias e as lições que esses eventos nos oferecem.

De acordo com uma pesquisa publicada no Digital Journal, o mercado do turismo sombrio deve alcançar impressionantes US$ 43,5 bilhões até 2031. O dado mais curioso é que a Geração Z, que corresponde à maior parte dos turistas dessa vertente, é a responsável pela maior parte da procura. Só em 2022, essa faixa etária representou 91% dos turistas que visitaram esses destinos. Mais do que uma simples curiosidade mórbida, muitos desses jovens buscam um aspecto educacional nessas viagens: 52% dos entrevistados apontaram o aprendizado sobre tragédias e história como um motivo central para sua visita, enquanto 48% mencionaram que visitam esses locais para prestar homenagem às vítimas.

O segmento no entretenimento

O seriado documental Turismo Macabro, da Netflix, aborda histórias sombrias ao redor do mundo. A série traz uma abordagem profunda e instigante sobre os locais mais excêntricos do planeta, oferecendo uma perspectiva única sobre como esses destinos não são apenas pontos de visitação, mas também marcos de reflexão sobre os horrores da história humana.

Embora sejam destinos que despertem muita curiosidade e interesse de turistas, é vital que se preserve a memória dessas tragédias, oferecendo aos visitantes a chance de aprender, refletir e homenagear os que sofreram. O turismo sombrio aparece como uma alternativa para aqueles que buscam uma conexão mais profunda com a história e as lições do passado.

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Fonte: Mercado & Eventos