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Machu Picchu é o ícone mais conhecido do Peru — e com razão. A antiga cidade inca impressiona não só pela engenhosidade de sua arquitetura como também pela energia do local. Mas a verdade é que o país vai muito além dessa maravilha. O território peruano é riquíssimo em diversidade geográfica, cultural e histórica, oferecendo experiências únicas para quem se dispõe a explorar suas outras faces.
De cidades coloniais a cânions profundos, de desertos com oásis a geleiras imponentes, o Peru pode surpreender até os viajantes mais experientes. Reunimos nove destinos fascinantes que mostram como o país é múltiplo e surpreendente. Uma lista que serve tanto como complemento a uma visita a Machu Picchu quanto como inspiração para roteiros alternativos, mais amplos e menos previsíveis.
Arequipa é uma cidade que mistura o antigo e o novo com uma elegância rara. Suas construções coloniais em sillar, uma pedra vulcânica branca, renderam a ela o apelido de “Cidade Branca”. Mas o que realmente impressiona é a atmosfera viva, que pulsa nas ruas do centro histórico, nos mercados populares e nos pátios escondidos entre igrejas e casarões do século XVII.
Um passeio por Arequipa é uma aula de arquitetura ao ar livre, com destaque para o Mosteiro de Santa Catalina, um complexo religioso que funciona como uma pequena cidade muralhada dentro do próprio município.
O charme arquitetônico se combina com uma gastronomia poderosa. A cozinha arequipenha é considerada uma das mais ricas do Peru. Entre os pratos típicos, destacam-se o chupe de camarones, o rocoto relleno e a ocopa arequipeña. Muitos restaurantes funcionam em casarões antigos e oferecem menus que combinam tradição e criatividade, sempre valorizando ingredientes locais. É um destino que agrada tanto ao olhar quanto ao paladar.
Mas Arequipa também é o ponto de partida para uma das paisagens mais grandiosas do país: o Cânion do Colca. Com mais de 3.000 metros de profundidade, ele é um dos cânions mais profundos do mundo. O mirante de Cruz del Cóndor é o lugar ideal para observar os condores andinos voando livremente, uma imagem que marca qualquer viagem. No caminho, pequenas vilas preservam tradições indígenas e oferecem opções de hospedagem simples, mas acolhedoras, ideais para quem deseja estender a visita com mais calma.
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Poucos imaginam que o Peru tem um verdadeiro oásis no meio do deserto, mas ele existe e se chama Huacachina. A pequena vila se formou ao redor de uma lagoa natural, cercada por dunas enormes que desenham um cenário quase surreal. O pôr do sol visto do alto de uma duna é um dos espetáculos mais bonitos do país. Para quem busca aventura, os passeios de buggy são imperdíveis: veículos 4×4 sobem e descem dunas em alta velocidade, combinando adrenalina com vistas incríveis. O sandboard também é bastante popular e divertido, mesmo para iniciantes.
A poucos minutos dali, a cidade de Ica complementa o roteiro com uma imersão na produção de vinhos e, principalmente, de pisco: a bebida nacional do Peru. As vinícolas da região, chamadas de bodegas, oferecem degustações guiadas, onde é possível conhecer todo o processo de fabricação da aguardente de uva. Algumas delas ainda utilizam métodos artesanais, pisando nas uvas em tanques de barro, mantendo viva uma tradição centenária.
A combinação entre natureza extrema e cultura líquida torna Huacachina e Ica um par perfeito para quem quer fugir do roteiro clássico. É um destino ideal para incluir no caminho entre Lima e o sul do país, e ainda pode ser conciliado com uma visita à Reserva de Paracas e às Islas Ballestas, localizadas a cerca de uma hora de distância.
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A cidade de Paracas é ponto de partida para duas atrações que surpreendem pela diversidade ecológica e beleza natural. A primeira são as Islas Ballestas, arquipélago rochoso conhecido como “Galápagos Peruanos”. Os passeios de barco saem cedo pela manhã e permitem avistar leões-marinhos, pinguins de Humboldt, pelicanos e cormorões (também chamados de corvos-marinhos) em seus habitats naturais. É uma experiência que encanta adultos e crianças, com embarcações que respeitam as distâncias seguras para não perturbar os animais.
No caminho até as ilhas, é possível ver o enigmático Candelabro de Paracas, um geoglifo de quase 200 metros de altura esculpido em uma colina de areia. Sua origem ainda é incerta: alguns associam ao povo Paracas, outros a navegadores antigos. O fato é que o desenho continua ali, intacto ao longo dos séculos, mesmo com a ação dos ventos e das marés.
Além das ilhas, vale explorar a Reserva Nacional de Paracas, onde o deserto encontra o mar em um contraste estético impressionante. A região abriga praias como Playa Roja e Playa Lagunillas, com falésias coloridas e formações geológicas únicas. É um passeio ideal para quem gosta de fotografia, caminhadas tranquilas e silêncio contemplativo.
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Para quem ama trilhas e natureza de altitude, a Cordilheira Branca é parada obrigatória. Localizada na região de Ancash, a cadeia montanhosa faz parte dos Andes centrais e abriga picos que ultrapassam os 6.000 metros, incluindo o imponente Huascarán, a montanha mais alta do Peru. A cidade de Huaraz, a cerca de oito horas de ônibus de Lima, é a base principal para explorar a região.
Entre as trilhas mais conhecidas está a da Laguna 69, uma caminhada desafiadora que leva a um lago glacial de cor azul intensa, cercado por montanhas nevadas. Apesar da altitude, que ultrapassa os 4.500 metros, o percurso é viável para quem está preparado fisicamente e disposto a encarar o esforço. Para quem prefere algo mais leve, a Laguna Parón é acessível de carro e oferece paisagens igualmente encantadoras.
A região também permite visitas a sítios arqueológicos, povoados tradicionais e ao Glaciar Pastoruri, que apesar de estar encolhendo, ainda pode ser visitado. Por isso mesmo, o local se tornou símbolo das mudanças climáticas na região andina. A Cordilheira Branca é um convite à introspecção: ali o tempo desacelera, a conexão com a natureza se intensifica e cada respiração se torna um lembrete da imensidão do mundo.
No norte do país, a cidade de Trujillo se destaca pela combinação de ruínas arqueológicas grandiosas e um centro colonial vibrante. Fundada no século XVI pelos espanhóis, ela preserva praças, igrejas e casarões históricos, mas é nas redondezas que estão suas maiores joias: as ruínas das culturas Moche e Chimú.
A mais famosa delas é Chan Chan, a maior cidade de barro já construída nas Américas. Esse enorme complexo, que foi capital do Império Chimú, impressiona por suas muralhas esculpidas com figuras geométricas e simbólicas. Apesar da aparência seca, o sítio tem vida e seu valor histórico cresce à medida que as escavações avançam.
Nos arredores também estão as Huacas del Sol y de la Luna, templos monumentais da cultura Moche que guardam murais policromados em excelente estado de conservação. Trujillo ainda oferece um ritmo mais leve de litoral, com boas praias, como Huanchaco, onde é possível ver os tradicionais “caballitos de totora”, embarcações feitas de junco e utilizadas desde tempos pré-colombianos.
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Menos conhecida pelo grande público, a região de Chachapoyas, no norte do Peru, guarda uma das construções mais enigmáticas do país: a fortaleza de Kuelap. Situada a mais de 3.000 metros de altitude, a estrutura foi construída pelos Chachapoyas, um povo pré-inca que desenvolveu uma civilização complexa em plena selva andina. O acesso ao sítio inclui um teleférico e uma caminhada leve, e a vista do topo é de tirar o fôlego.
O conjunto arqueológico é cercado por muros com até 20 metros de altura e abrange mais de 400 edificações circulares, com detalhes arquitetônicos próprios, como frisos em forma de ziguezague e rombos. A visita a Kuelap oferece não só uma experiência visual impactante, mas também um mergulho em uma parte da história peruana que ainda está sendo revelada.
Chachapoyas também é base para conhecer a Cachoeira de Gocta, uma das mais altas do mundo, com quase 800 metros de queda d’água. A caminhada até lá passa por florestas densas, vilarejos pequenos e é repleta de fauna e flora típicas da floresta nublada. A combinação entre história e natureza torna a região perfeita para quem busca experiências fora do comum.
O Peru é um país fascinante e diverso, e seus atrativos vão muito além de Machu Picchu. Para aproveitar ao máximo essa viagem e circular com segurança entre as regiões, é fundamental contar com um bom planejamento, e isso inclui estar preparado financeiramente antes mesmo do embarque.
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